quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Depoimento no Facebook

Há 8 anos eu fui diagnosticado portador de uma doença degenerativa da córnea, que atinge 2 pessoas a cada 5 mil. Essa doença se chama Ceratocone!

Tinha 11 anos quando o médico me disse que se eu não tratasse essa doença, mais ou menos com 20 anos, estaria completamente cego.

Não dei importância na época, achei que isso jamais aconteceria comigo! De lá pra cá, foram várias consultas a oftalmologistas, 3 lentes de contato rígidas, todas muito caras - uma delas recebi como doação da Dona Lena, Mãe da minha amiga Fernanda Barreto (uma ajuda que eu jamais esquecerei!) Não consegui me adaptar com nenhuma dessas lentes, foi uma espécie de tortura, física e psicológica. Perguntam-me por que eu não uso as lentes pra poder enxergar melhor e estacionar minha doença e eu respondo que é porque eu não sou masoquista, não gosto de sentir dor!

Hoje, durante a prova de matemática, expliquei à professora que não conseguia enxergar as questões que estavam no quadro. Nesse momento eu parei. Comecei a olhar pra tudo que estava a minha volta pra ver o que eu realmente enxergava. Olhei pela janela da sala, pro Morro da Mariquinha, eu não enxergava nada além de luzes distorcidas. Então olhei pra professora, que estava lá na frente olhando a turma fazer a prova, não conseguia ver o rosto dela. Achei que fosse porque ela estava um pouco longe. Então olhei minhas colegas Amanda Rodrigues e Amanda Lemos, que sentam a mais ou menos 1 metro de distância de mim, e percebi que, quando eu olhava uma pessoa, mesmo assim tão perto, eu não conseguia enxergar os traços do rosto. Fiquei espantado, olhei pra carteira da Karoline Cardoso de Vargas, pra ver se eu conseguia identificar algum objeto em cima da carteira dela, e nada!

Foi o momento que, depois de 8 anos, "caiu a ficha" de que o médico estava certo! Fiquei arrasado, foi um dos raríssimos momentos que, nos ultimos anos, eu senti vontade de chorar!